Por Mônica Villar
“O Eneagrama não nos prende num cubículo, mostra o cubículo em que estamos encerrados e sugere a saída que devemos tomar”. (Huss Hudson)
O Eneagrama é um mapa psico-espiritual, ao mesmo tempo teórico e prático, que ajuda a identificar o tipo de personalidade do indivíduo, oferecendo uma proposta de desenvolvimento pessoal e profissional. Esse mapeamento não se limita a identificar o tipo de personalidade; revela, também, as motivações de condutas e orienta sobre como crescer e aperfeiçoar o modo de vida do indivíduo. (CHABREUIL, 1999; CUNHA, 2005; PALMER, 1993; RISO & HUDSON, 2013; ROHR & EBERT, 1992).
A palavra “eneagrama” vem do idioma grego e significa “figura geométrica de nove pontos”; representa graficamente os nove tipos essenciais de personalidade presentes na natureza humana e suas complexas inter-relações (RISO & HUDSON, 2013, p. 19).
O termo “eneagrama” relaciona-se a um símbolo caracterizado por uma circunferência com nove pontos de referência relacionados entre si em uma determinada ordem, formando um triângulo e um hexade (Figura 1). Esse símbolo tem origens muito antigas, de mais de dois mil anos, e outrora servia para interpretar as leis do universo, compreender a cosmologia, a astronomia, a matemática, a filosofia, a química, a arte e a música. Os nove perfis de personalidade são indicados por números de 1 a 9. Nenhum dos tipos é melhor ou pior do que os demais, pois cada um deles é caracterizado por qualidades e defeitos, obstáculos e desafios específicos. (RISO & HUDSON, 2013, p. 19-23; CHABREUIL, 1999, p. 36-37l).
Figura 1 – Símbolo do Eneagrama (HUSS & HUDSON, 2013, p. 31)
No Ocidente, o Eneagrama surgiu pela primeira vez trazido por George Ivanovish Gurdjieff, um pioneiro na adaptação dos ensinamentos espirituais do Oriente para uso dos ocidentais contemporâneos (PALMER, 1993, p. 8).
O atual Eneagrama foi obtido a partir de sua adaptação às categorias psicológicas ocidentais, em meados do Século XX, pelo psiquiatra Cláudio Naranjo (1997) que descobriu as motivações inconscientes e os mecanismos de defesa mais típicos a que recorrem as diversas personalidades quando estão na reação emocional. O psicólogo colombiano Oscar Ichazo já havia acrescentado ao Eneagrama a teoria dos instintos, desenvolvendo a forma como cada tipo se relaciona com os instintos de autopreservação, relacionamento um a um (com pessoas específicas) e relacionamento social, dando origem aos 27 subtipos de personalidade (PINHEIRO, 2012, p. 29; CHABREUIL, 1999, p. 31 a 33; ROHR & EBERT, 1992, p. 229 e 230; PALMER, 1993, p. 49).
O Eneagrama ensina que cada pessoa, pelos mais variados motivos, desenvolveu um padrão típico de personalidade inconsciente que funciona de modo automático – sem o conhecimento ou o consentimento do indivíduo – e se enquadra em um dos nove tipos básicos de personalidade. Esse padrão determina os estados de ânimo, atitudes, pensamentos, sentimentos e comportamentos compulsivos e estereotipados. Os indivíduos atuam, sentem e pensam impulsionados por motivações inconscientes que condicionam o seu comportamento global. Esses nove tipos são padrões dinâmicos que podem apresentar-se em estágios diferentes, variando desde as piores condições do padrão de personalidade identificado – ou seja, dominado pelos defeitos e problemas do seu tipo básico – até o seu melhor estado, desenvolvendo todas as suas potencialidades autênticas.
Referências
CHABREUIL, Patrícia e Fabien. A Empresa e seus Colaboradores – Usando o Eneagrama para Otimizar Recursos. São Paulo: Madras, 1999.
CUNHA, Domingos. Crescendo com o Eneagrama na Espiritualidade. São Paulo: Paulus, 2005
PALMER, Helen. O Eneagrama: Compreendendo a si mesmo e aos outros em sua vida. São Paulo: Paulinas, 1993.
PINHEIRO, Elpidio Alves. Condenados a Amar: O Eneagrama Sagrado como caminho para o despertar da amorosidade. Campinas: Edição Independente, 2012.
RISO, Don & HUDSON, Russ. A Sabedoria do Eneagrama. São Paulo: Pensamento – Cultrix Ltda., 2013.
ROHR, Richard & EBERT, Andreas. O Eneagrama – As Nove Faces da Alma. Tradução de Edgar Orth. Petrópolis: Vozes, 1992.