Por Janeth de Oliveira Silva Naves
Quando utilizamos um medicamento o nosso objetivo é obter o maior benefício com o mínimo de riscos ou perdas. Em geral, existe uma preocupação excessiva com a qualidade dos produtos adquiridos ou com a prescrição mais correta ou acertada para a nossa condição. No entanto, algumas vezes, deixamos de estar atentos ao que está ao nosso alcance para que os medicamentos produzam todo o seu efeito. Para obtermos o máximo de benefícios é necessário, entre outros cuidados, administrá-los e armazená-los corretamente.
É muito importante que antes da utilização de medicamentos sejam observados alguns cuidados simples, como lavar as mãos, conferir o nome do produto e a data de validade, e confirmar o horário e a dose a ser administrada.
O horário de administração dos medicamentos não deve ser modificado conforme a nossa conveniência, pois tem relação com o efeito esperado e com os ciclos fisiológicos ou hormonais do organismo humano. Por exemplo: um antidepressivo que cause sonolência deve ser utilizado antes de dormir e, ao contrário, um antidepressivo que deixe a pessoa em estado de alerta deve ser utilizado pela manhã; um corticoide deve ser administrado pela manhã para simular a liberação natural do hormônio cortisol no nosso organismo e um diurético nunca deve ser tomado à noite, para não prejudicar o sono pela necessidade de ir ao banheiro.
A frequência de administração dos medicamentos ou o intervalo entre as doses é determinado pela duração do seu efeito. Por exemplo: uma vez ao dia, de 12 em 12 horas ou de oito em oito horas. É importante que essa frequência seja respeitada e mantida como foi prescrita para se alcançar níveis satisfatórios do medicamento no organismo e, assim, evitar a diminuição ou a flutuação do efeito farmacológico.
Quando se esquecer de uma dose e o horário da próxima tomada estiver próximo, aguardar o momento recomendado e ingerir o medicamento. Se ainda faltar muitas horas para a próxima dose, tomar o medicamento assim que se lembrar e começar a contar o intervalo de administração a partir desse momento.
Alguns medicamentos têm recomendação expressa para serem tomados em jejum e há outros que precisam ser administrados com alimentos. Isso deve ser observado porque esta orientação está relacionada com características específicas de cada substância ativa, que determinam uma maior ou menor absorção na presença de alimentos no estômago, a velocidade de esvaziamento do estômago, a proteção da mucosa do trato digestivo, ou outras propriedades de cada produto. Se essa recomendação não estiver estabelecida na receita, busque informações na bula do medicamento.
Além desses cuidados gerais, cada forma farmacêutica apresenta particularidades na maneira de ser utilizada que, se observadas, podem maximizar o seu efeito farmacológico.
Seguem as recomendações básicas para as formas farmacêuticas mais frequentemente utilizadas por adultos:
Comprimidos, drágeas e cápsulas:
– Devem ser tomados com água; evitar ingerir com outros líquidos, principalmente bebidas alcoólicas. A água ajuda na deglutição do medicamento, na dissolução no estômago, além de ser um veículo inerte, ou seja, não interfere no efeito dos remédios;
– Ficar de pé ou sentado no momento da administração de medicamentos e não se deitar logo depois; aguardar alguns minutos;
– Tomar os medicamentos na forma em que é apresentado. Não parta comprimidos, exceto aqueles que vêm sulcados, com uma pequena depressão em linha reta no centro, o que indica que podem ser partidos. Quando partir comprimidos sulcados armazene a outra metade nas mesmas condições por no máximo 24 a 48 horas, pois ele poderá se deteriorar por ação da luz e da umidade, ou perder parte do seu conteúdo se esfarelando pelo atrito.
– Não abra cápsulas, não triture ou parta drágeas ou comprimidos revestidos. O envoltório das cápsulas e a película dos comprimidos revestidos e drágeas tem a finalidade de proteger o fármaco da destruição pelo suco gástrico, controlar o tempo de sua dissolução e efeito, evitar a ação irritante de determinados fármacos ou ainda de mascarar um sabor desagradável. A alteração da integridade dessas formas farmacêuticas afeta diretamente o efeito esperado.
Comprimidos sublinguais:
– Colocar o comprimido embaixo da língua, fechar a boca e não mastigar.
– Não engolir a saliva até que o comprimido se dissolva e desapareça completamente;
– Não fumar, comer ou chupar balas enquanto o medicamento estiver na boca.
Gotas:
– Seguir a prescrição, contando cuidadosamente o número de gotas recomendado;
– Gotejar o medicamento em um copo ou colher, não administrar direto na boca;
– Misturar com um pouco de água e tomar, não acrescentar outras substâncias como açúcar, sucos, leite e outros;
– Se o sabor for desagradável tomar um pouco de água depois.
Xarope, solução, elixir e suspensão:
– Administrar a dose prescrita;
– Homogeneizar ou agitar as suspensões antes da utilização para resuspender os pós depositados no fundo do frasco;
– Medir a dose utilizando apenas a medida que vem na embalagem, copinho graduado ou seringa;
– Tomar um pouco de água após a administração;
– Antes de utilizar observar se não ocorreu alteração da cor, sabor, consistência ou transparência. As formas líquidas podem ter o prazo de validade encurtado após a abertura da embalagem, principalmente se não forem armazenadas corretamente. Agitar e olhar contra a luz, se o produto apresentar turvação anormal ou outras alterações deverá ser descartado.
Colírios:
– Inicialmente lavar as mãos;
– Deitar-se ou sentar, colocando a cabeça bem inclinada para trás;
– Puxar a pálpebra inferior para baixo;
– Gotejar o número de gotas indicado do medicamento, tendo o cuidado de não encostar o bico do frasco nos olhos para não contaminar;
– Fechar os olhos devagar; evite esfregar ou piscar vigorosamente;
Os colírios são preparações estéreis e após a abertura do frasco o prazo de validade não corresponderá mais ao que consta na embalagem. Em geral, eles permanecem adequados para utilização por cerca de 15 a 30 dias após a abertura. Buscar essa informação na bula.
Pós para uso por via Inalatória:
Existem diferentes dispositivos para administração de medicamentos pela via inalatória, alguns são pós ultrafinos que precisam ser aspirados, outros são cápsulas que precisam ser perfuradas para liberar a substância ativa, entre outros. O que todos têm em comum é a presença de um bocal no aplicador e os procedimentos para a aspiração. Cuidados:
– Proceder a preparação do dispositivo conforme as instruções da bula;
– Envolver totalmente o bocal do aspirador com os lábios, sem deixar espaços para entrada de ar;
– Aspirar profundamente o produto através do bocal;
– Segurar o ar aspirado nos pulmões por, no mínimo, 10 segundos;
– Expirar normalmente fora do bocal;
– Enxaguar a boca duas a três vezes e não engolir a água;
– Seguir as orientações específicas da bula sobre a forma de limpar e guardar o aplicador. Alguns aplicadores não podem ser lavados.
Medicamentos para uso em nebulização:
Estes produtos são, em geral, líquidos apresentados em frascos conta-gotas que precisam ser diluídos em soro fisiológico ou conforme recomendação médica. Os cuidados básicos são:
– Preparar a solução pingando, cuidadosamente, o número prescrito de gotas do medicamento na quantidade indicada de soro fisiológico;
– Observar as condições de armazenamento e o prazo de validade do soro fisiológico após a abertura do frasco;
– Assoar o nariz antes da administração do produto;
– Aproximar e ajustar bem a máscara ao rosto;
– Respirar normalmente e permanecer sentado durante todo o tempo da nebulização;
– Evitar contato do produto com os olhos;
– O procedimento deve continuar até que toda a solução seja nebulizada.
O reservatório para a solução e a máscara utilizada devem ser cuidadosamente lavados com água e detergente neutro, enxaguados várias vezes em água corrente e completamente secos antes de serem guardados. Caso sejam utilizados por pessoas diferentes, devem ser esterilizados com líquidos desinfetantes específicos, conforme recomendações do fabricante do aparelho de nebulização.
Adesivos transdérmicos:
– Aplicar os adesivos transdérmicos sobre a pele limpa e seca, não utilizá-los após o uso de cremes hidratantes ou sobre a pele suada, irritada, cortada ou arranhada;
– Os locais de aplicação dependerão do princípio ativo e do efeito esperado e devem ser áreas com poucos pelos. Esses locais constam nas bulas dos produtos;
– Aplicar o adesivo sobre a pele e pressionar com a palma da mão por cerca de 30 segundos. Verificar se o adesivo está inteiramente em contato com a pele e, principalmente, que os cantos estejam bem aderidos;
– Alternar os locais de aplicação a cada troca.