Efeitos adversos a medicamentos

Efeitos adversos a medicamentos

Por Janeth de Oliveira Silva Naves

Quando utilizamos um medicamento esperamos ações específicas que dependerão da indicação e do uso conforme as recomendações. Os efeitos obtidos dependerão da interação de fatores relacionados à substância ativa ou fármaco com as condições fisiológicas e patológicas de cada pessoa.

Todo medicamento, seja ele alopático, fitoterápico ou homeopático apresenta um risco potencial de apresentar algum efeito indesejável, além da ação terapêutica esperada. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma reação adversa ou efeito adverso é qualquer resposta indesejável ou prejudicial que se manifesta após o uso em doses normais de um medicamento. Essas ocorrências são importantes porque interferem no sucesso dos tratamentos, na qualidade de vida das pessoas e podem aumentar os custos do tratamento.

Efeitos adversos mais comuns

Os efeitos adversos mais comuns são náusea, vômitos, alterações do funcionamento intestinal, dor de cabeça, tontura, tremores, irritabilidade, insônia ou sonolência, alterações do apetite, aceleração do coração, tosse, dificuldade para respirar, entre outros.

Devido às características dos medicamentos

Eles podem ocorrer devido às características dos medicamentos, como por exemplo, a confusão mental que pode ocorrer devido ao uso por tempo prolongado de medicamentos que tratam a ansiedade, os chamados ansiolíticos, ou os tremores decorrentes do uso de remédios para asma. Existem também fatores fisiológicos relacionados ao usuário que podem predispor ao aparecimento desses efeitos.

Devido às características do metabolismo e genética

Os estudos identificam que devido a fatores relacionados com o metabolismo dos medicamentos as mulheres, os idosos e as crianças sofrem mais efeitos adversos a medicamentos. As variações genéticas também influenciam o aparecimento de efeitos adversos por determinarem padrões diferentes de metabolismo e de ação enzimática, além da quantidade de receptores e transportadores de fármacos que podem resultar em uma variabilidade individual de eficácia e toxicidade dos medicamentos.

Devido às condições clínicas

As condições clínicas de cada indivíduo também podem contribuir para o aparecimento e gravidade dos efeitos adversos, como as alterações do funcionamento dos rins (que filtram e eliminam medicamentos através da urina) e do fígado (que é o principal responsável pelo metabolismo dos medicamentos).  Doenças como a diabetes, insuficiência cardíaca, glaucoma, imunodeficiência, desidratação, entre outros, são exemplos de enfermidades que podem aumentar o risco de efeitos adversos.

Devido às interações medicamentosas

As interações entre medicamentos também podem contribuir para o aparecimento desses efeitos indesejáveis. Estudos mostram que existe uma correlação positiva entre o número de medicamentos utilizados e a incidência de efeitos adversos.

Devido ao periodo de adaptação ao medicamento

É importante lembrar que determinados medicamentos têm um período inicial de acomodação ou ajustamento em que o organismo está se adaptando aos seus efeitos, durante o qual os benefícios podem não ser percebidos e os efeitos adversos são mais comuns. Isto ocorre, por exemplo, nas duas a três primeiras semanas de administração dos antidepressivos e depois tendem a desaparecer. Por outro lado, existem medicamentos cujos efeitos adversos são dose e tempo-dependentes, quanto mais são utilizados, mais frequentes são as intercorrências, como alguns antipsicóticos, anticonvulsivantes, imunossupressores, quimioterápicos e antirretrovirais. Nestes casos, às vezes, torna-se necessário fazer algum ajuste de dose ou uma substituição.

E como proceder quando esses efeitos indesejáveis aparecem?

Mesmo nos casos leves o prescritor deve ser informado e diante de um relato de efeito adverso ele irá avaliar a relação causal e a importância dos sintomas e poderá suspender o tratamento, diminuir a dose, aumentar o intervalo entre as tomadas, mudar o horário de administração, associar o uso do medicamento à ingestão de alimentos quando recomendado ou tentar outro tratamento.

Se os efeitos forem graves o melhor a fazer é interromper o tratamento e em seguida entrar em contato com o prescritor. Relatar todos os medicamentos que está utilizando e o que sentiu, observando a relação cronológica entre o uso do remédio e o início dos sintomas. Relatar também qualquer acontecimento importante ou mudança de rotina como, exposição a grande estresse, uso de bebida alcoólica, mudanças nos hábitos de sono, de dieta ou prática de exercícios.

Cuidados preventivos

Alguns efeitos adversos são imprevisíveis, mas há outros que são evitáveis. Existem cuidados que quando observados, podem diminuir o risco de que apareçam, por exemplo:

– Evitar a automedicação;

– Quando for ao médico ou dentista falar de todas as doenças e das reações adversas e alergias que tem ou que já teve. Levar uma lista de todos os medicamentos que está usando;

– Utilizar os medicamentos conforme a prescrição, na forma farmacêutica em que o medicamento é apresentado, na dose e no período de tempo recomendado;

– Ler a bula dos medicamentos para identificar possíveis contraindicações ao uso de um medicamento em seu caso específico;

– Estar atento para orientações adicionais do prescritor, como por exemplo, a administração em doses crescentes no início do tratamento para medicamentos que precisam de um ajuste ou de um período de adaptação, ou a sua suspensão lenta e gradativa para aqueles cuja retirada abrupta pode causar reações de supressão ou de abstinência.

Alguns efeitos adversos leves podem ser manejados ou prevenidos com medidas simples, como nos exemplos:

Sonolência: prefira utilizar o medicamento à noite e evite operar máquinas ou dirigir;

Insônia: Evite tomar o medicamento a noite. Evite cafeína e bebidas energéticas no período da tarde e da noite e se informe sobre medidas de higiene do sono;

Visão embaçada: evite dirigir e operar máquinas, não se expor a situações de risco;

Tonturas e quedas: retire tapetes e não use calçados que escorreguem. Evite subir em escadas ou banquinhos. Use barras de apoio nos banheiros e tapetes antiderrapantes ou chinelos no momento do banho;

Boca seca: hidrate-se bem, chupe pedaços de gelo ou mastigue chiclete sem açúcar. Em casos extremos pode-se usar saliva artificial;

Intestino ressecado: aumente fibras na dieta, beba bastante líquido e exercite-se;

Diarreia: hidrate-se bem e se persistir por mais de três dias, informe o médico;

Nariz e garganta seca: utilize umidificador ou vaporizador;

Retenção de líquidos: diminua o sal da comida, exercite-se e mantenha as pernas elevadas por alguns minutos, várias vezes ao dia;

Dor de cabeça: se for leve e passageira, faça repouso e tome analgésico; se for intensa e ou persistente, informe o seu médico.

Náusea/vômito: hidrate-se. Dê preferência à ingestão de alimentos sólidos e alimente-se com porções e a intervalos menores. Se for um incômodo intenso e persistente, consulte o médico para verificar a necessidade do uso de um antiemético;

Câimbras: hidrate-se, faça massagem relaxante e alongamentos;

Hipotensão postural (tontura ao se levantar rapidamente): evite exercícios bruscos, levantar devagar depois de estar agachado, sentado ou deitado;

Dispepsia, dor no estômago, azia ou queimação: verifique com o prescritor ou leia na bula se é possível associar o medicamento com alimentos. Use antiácidos apenas quando orientado pelo médico, pois a maioria deles pode interferir no efeito dos medicamentos.

Outro lembrete importante é que os efeitos adversos podem aparecer até alguns dias depois de terminado o tratamento, enquanto a substância ativa não for totalmente eliminada do organismo, o que pode variar de horas até vários dias, dependendo do produto.

Na dúvida, consulte o médico ou o farmacêutico de sua confiança.