Psicopatologia no diagnóstico e tratamento psiquiátrico

O diagnóstico de transtornos psiquiátricos

Por Flávio Vervloet

Psicopatologia é o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. É o estudo que busca observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental.

Psicopatologia no diagnóstico de transtornos mentais

O diagnóstico de transtornos mentais é feito essencialmente pela psiquiatria, que se vale, principalmente, da psicopatologia e da experiência clínica, além dos parâmetros dos manuais de classificações e diagnósticos dos transtornos mentais. Além de ser essencialmente clínico, o diagnóstico dos transtornos mentais é um processo complexo, envolve uma ampla pesquisa de sintomas e a compreensão da história coletada tanto na observação, durante a entrevista, quanto no relato do indivíduo e, muitas vezes, de seus familiares. Em inúmeros casos, o diagnóstico só pode ser definido pela observação ao longo do curso da alteração mental, para o qual, muitas vezes, pode ser necessário um período de meses ou anos de acompanhamento.

Muito mais do que enquadrar ou rotular as pessoas, o diagnóstico serve para possibilitar uma mesma linguagem e comunicação entre os profissionais de área de saúde mental, ainda que cada área do saber em saúde tenha seus modelos e abordagens distintas. Além disso, também indica a melhor direção para o tratamento e embasa o planejamento dos serviços de saúde.

Psicopatologia no tratamento dos transtornos mentais

No tratamento dos transtornos mentais, como no diagnóstico, precisa também ser considerado o conhecimento psicopatológico. Não basta apenas usar os medicamentos indicados para tratar um transtorno específico, existem particularidades e especificidades na forma de adoecer e também na apresentação dos sintomas em cada indivíduo. Por isso, a prescrição do medicamento (psicofármaco) precisa ser individualizada. Como exemplo podemos considerar o transtorno depressivo (depressão). Existem episódios em que predomina mais a baixa energia e dificuldades cognitivas (concentração, atenção e memoria), outros que predominam alterações de humor, ansiedade e irritabilidade, e alguns ainda são acompanhados de significativa irritabilidade, impulsividade, agitação e/ou agressividade. Essas situações distintas requerem medicamentos distintos, provavelmente um mesmo medicamento não sirva para esses três tipos de depressão.

Outro fator importante é que, não obstante as intervenções biomédicas serem necessárias, no foco do tratamento precisa ser progressivamente incluído uma visão mais integral e de longo prazo, com cuidados mais amplos, ou seja, precisa envolver o processo do adoecer e a “pessoa” que vive o transtorno. Esse foco requer considerar os estressores psicossociais, tanto os da infância quanto os atuais, os fatores “psicodinâmicos” e os sistêmicos familiares como aspectos fundamentais no tratamento e na manutenção da saúde mental.