Por Liú Campello
Olá!
Vamos conversar sobre trauma? Será que todos nós sofremos algum tipo de trauma, ou isso é exagero?
O tema “Trauma” vem sendo cada vez mais estudado, divulgado e popularizado. Muitas vezes, as informações científicas divulgadas sobre trauma podem não ser bem compreendidas, gerando dúvidas e curiosidades. Na grande maioria vezes, o conceito de trauma está vinculado a eventos marcantes como guerra, desastres ambientais, genocídios, violência sexual, entre outros. Pensar assim faz sentido pois, os eventos traumáticos foram estudados, predominantemente, em veteranos de guerra norte americanos e, posteriormente em vítimas de violência sexual. Para efeitos didáticos, vamos chamar esses eventos traumáticos de “traumas maiores”.
Mas será que somente esses indivíduos sofreram eventos traumáticos? Será que para identificar indivíduos traumatizados, eles têm que, necessariamente, ter vividos “grandes traumas”? Será que existem outras condições que podemos identificar como “trauma” em indivíduos que vivenciaram outros tipos de situações difíceis?
A resposta é sim. À medida que os eventos traumáticos foram sendo mais estudados, os profissionais de saúde mental começaram a se atentar para os pacientes que procuravam ajuda por apresentarem sintomas semelhantes aos daqueles pacientes que foram vítimas dos “grandes traumas”. Esses sintomas eram insônia, pesadelos recorrentes, inapetência, taquicardia (coração acelerado), sudorese, dificuldade de se relacionar socialmente, uso abusivo de álcool e, especialmente, descontrole emocional. E, o mais curioso é que os pacientes não conseguiam encontrar nenhuma razão que justificasse esses sintomas. O fato é que esses sintomas se tornavam cada vez mais frequentes e intensos, a ponto de impedir a rotina normal de trabalho, convívio social e afetivo desses pacientes.
Por causa da semelhança dos sintomas entre os pacientes que foram vítimas de “traumas maiores” e os que não foram, os estudos foram ampliados e considerou-se que outros eventos, além das guerras e violência sexual, podem ser considerados traumáticos também. Esses eventos serão chamados de “trauma menores” para efeito didático. Essas denominações não significam que os diferentes tipos de trauma tenham maior ou menor valor, pois o sofrimento dos pacientes não pode ser comparado. O que importa é como eles se sentem em relação ao trauma.
E, esses eventos traumáticos são muito mais frequentes do que imaginamos, pois estão no cérebro inconsciente. A identificação dos sintomas pelo indivíduo é imprescindível para que ele reconheça a necessidade de ajuda. O aprendizado sobre como os eventos traumáticos podem ser identificados, a sua relação com a mente, o cérebro e o corpo são imprescindíveis para que haja maior acolhimento do paciente e maior progresso no tratamento.
Esse primeiro texto busca trazer o olhar curioso sobre os eventos traumáticos e suas consequências. Os próximos textos trarão mais explicações sobre o tema à luz da Neurociência. Vamos falar também sobre tratamento de trauma utilizando as Técnicas de Processamento, especialmente o EMDR e as técnicas de respiração, e sobre os benefícios da prática da meditação. Além disso, os textos serão ilustrados por casos clínicos, tanto de crianças quanto de adultos, para que haja mais facilidade de compreensão prática.
Nos vemos em breve!