Por Flávio Vervloet
Ficar apreensivo é muito comum quando se vai a uma consulta com um psiquiatra pela primeira vez, pois o grande receio é receber um diagnóstico que confirme que há algo anormal ou sério com a própria pessoa. É natural que seja assim; na nossa história e cultura, a Psiquiatria esteve exclusivamente associada à loucura, anteriormente chamada de alienação mental. Porém, a maioria das pessoas que procura uma consulta psiquiátrica em um consultório, ou mesmo em clínicas, o fazem por questões mais simples do que essa.
Na realidade, mesmo as situações em que há alucinações ou delírios (psicoses) são quadros de gestão mais simples e pouco trabalhosa. As situações que ocorrem especificamente em serviços de emergência psiquiátrica costumam apresentar sintomatologias mais intensas e requerem procedimentos mais adequados a esse nível.
A maioria dos transtornos mentais ocorre em decorrência de alterações funcionais no sistema nervoso central; contudo, não afetam a sua estrutura com alterações lesionais no tecido nervoso. Na maioria das vezes, são passageiras e respondem prontamente ao uso de psicofármacos (medicamentos).
Durante o processo de avaliação psiquiátrica, é interessante que o paciente seja o mais sincero possível ao fornecer as respostas às indagações do psiquiatra. Dessa forma, o diagnóstico fica mais fácil, o tratamento pode ocorrer mais rápido e ser o mais eficaz possível.
A partir da coleta de informações, seu estado de saúde mental e físico será avaliado – tanto o atual quanto o pregresso – bem como suas predisposições genéticas a partir das informações sobre transtornos mentais na família. A análise se estende aos motivos que podem ter desencadeado os sintomas atuais e sobre as diversas áreas de sua vida: profissional, familiar, social, cultural e psicológica. É possível que o psiquiatra solicite exames laboratoriais e complementares, da mesma maneira que ocorre em outras especialidades. Se for necessário, o paciente pode ser solicitado a preencher formulários específicos para melhor entendimento de alguns sintomas.
Tratamento e acompanhamento
Após a consulta e definição de um possível diagnóstico, é importante que o tratamento seja adotado, que todos os medicamentos prescritos sejam tomados adequadamente e, por fim, que se evitem fatores que possam alterar o efeito dos remédios, como o consumo de álcool ou de qualquer outro tipo de droga.
Duração do tratamento
Um tratamento psiquiátrico propriamente dito varia conforme a gravidade e o tempo de instalação do quadro clínico. Em quadros leves, pode durar de oito meses a um ano. Nos casos mais crônicos ou mais graves, pode durar, no mínimo dois anos, mas pode se estender além disso, de acordo com as características e necessidades individuais. Há situações que se restringem ao tratamento de controle por não haver ainda um tratamento resolutivo. Nesses casos, o controle só ocorre enquanto a medicação é usada. Em alguns casos, é necessário utilizá-la ao longo de toda a vida.